Desafios da Natalidade

28 Ago, 2018

Desafios da Natalidade

by Sónia Pintassilgo

Este Luso Fonias é dedicado aos desafios da natalidade. Em Portugal, assistimos nas últimas décadas a um declínio acentuado no número de nascimentos, e hoje temos um dos mais baixos níveis de fecundidade da Europa e do mundo. Que questões levanta este novo cenário à relação entre as várias gerações? O que pode ser feito a nível das políticas públicas para promover a natalidade? Sónia Pintassilgo, professora no ISCTE e especialista em Demografia, fala connosco sobre estas questões e explica-nos como têm evoluído os números da natalidade no espaço lusófono.

Na opinião do P. Tony Neves – ‘A Lisboa que vale a pena!’

“Saltar da Europa para a África e vice-versa permite um exercício muito curioso. Quando estás na Europa, sentes-te um jovem e as pessoas olham para ti, com os teus cinquenta e tal anos, e julgam que o futuro está em ti, pois tens uma multidão de gente mais velha que tu. E, basta olhar para as estatísticas e anuários para te considerares um jovem com um futuro muito promissor à tua frente. Mas logo que chegas a um país africano ou latino americano, és remetido para o cantinho dos idosos de quem pouco já se espera, tal a quantidade de jovens e crianças que enchem aldeias, vilas e cidades. E, sobretudo em países por onde a guerra passou, o número de idosos é residual. O mesmo se diga em relação a terras onde a pobreza vai dizimando as pessoas e retirando qualidade e quantidade de vida.

Ora, diz o povo e com razão, sem crianças não há futuro. Parece que a Europa não percebeu que é aqui, na natalidade, que o futuro se joga. Gerar crianças atrás de crianças, sem qualquer planeamento familiar não é bom. Perpetuam-se círculos de miséria, não se asseguram cuidados básicos de saúde, não se garante a escola, a habitação, não se criam condições para que haja emprego no futuro. Mas o contrário é igualmente problemático. Não é normal que se fechem, na Europa, escolas todos os anos. Esse é um sintoma de que a população vai decrescer. Não se pode aceitar que se matem as populações do interior através do corte progressivo de estruturas sociais. Hoje fecha-se a escola, amanhã os correios, depois o banco, o posto de saúde, o mini mercado… Quando damos por ela, a aldeia que tinha 400 pessoas passa a ter 30 e todas com mais de 70 anos. Deixa de haver missa dominical na Igreja e a única porta aberta é a do cemitério. Lá se foi o futuro!

É ideológico o discurso recorrente sobre os incentivos ao interior dos países que estão a despovoar-se. Fala-se sempre de redução de imposto, de injecção de apoios sociais, de abertura de novas estradas e empresas…mas fica-se sempre pela conversa politicamente correcta. Na prática, continuamos a assistir, impávidos e serenos, à destruição de um país que apenas junta pessoas nas grandes cidades e junto ao mar, lá onde há oportunidades de emprego, de vida social e de futuro para as novas gerações.

É urgente tomar a sério este desafio que a natalidade lança ao mundo. Para os países com crescimento populacional não sustentado, há que planificar mais e criar condições de saúde, escola, habitação, alimentação, cultura para as gerações que nascem. Para os países que estão a matar-se aos bocados com falta de crianças, há que investir na criação de condições para que os jovens casais se sintam estimulados a ter mais filhos. Há que criar, ao mesmo tempo, uma mentalidade de mais apreço às famílias numerosas e promover incentivos para que haja condições para que mais crianças venham povoar a terra.

Em resumo: deixemo-nos de conversas que não levam a lado nenhum e valorizemos a construção de famílias que se sintam felizes em ter mais filhos e reúnam os meios necessários para que as crianças cresçam com amor e condições para uma vida digna.”

Tony Neves

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