viver abertos e disponíveis

 

O QUE SIGNIFICA PARA TI A AMAZÓNIA?

 

 

chave de leitura

Lembramos os 8 pilares da Associação Casa Velha presentes em cada um dos episódios. Porque mais do que a meta, o importante foi o modo como a Laura e a Madalena viveram este caminho. Estas 8 formas de viver foram uma grande ponte de diálogo

O pilar “Abertos e Disponíveis” impele-nos ao desafio de não nos ficarmos pelas deceções, preconceitos e ideias, distantes das pessoas ou circunstâncias, mas aceitar a realidade que nos é dada viver,  descobrindo-a como o verdadeiro lugar no qual estamos a ser cuidados e chamados a cuidar. 

Desde o acolhimento das novas preocupações trazidas pelos jovens peregrinos aos irmãos da comunidade de Taizé até à concretização de uma horta comunitária; ou desde a chegada de refugiados vindos de longe, até à escuta e divulgação da sua história de vida,  acolhimento digno e envolvimento na comunidade. 

Que luz nos dá este pilar para um olhar mais amplo e integral sobre o nosso consumo e produção?

No nosso consumo e produção poder-nos-íamos abrir às vozes trazidas pela realidade que nos apontam as desigualdades alimentadas, e arriscarmos enveredar por caminhos alternativas que nos pedem imaginação, proximidade, envolvimento, serviço e sobriedade.

DIÁRIO DE BORDO

Se há «calle» que tenhamos percorrido em Madrid foi claramente a [rua] do Noviciado. Fomos lá parar sem saber que era uma referência do biológico e do sustentável em Madrid. Sentimo-nos muito espertas, qual Sherlock!, a reparar que a cada duas portas havia mais um lugar que cuidava a ecologia integral tão bem. Na terceira ou quarta vez que lá estivemos fomos conhecer uma cooperativa que se abre ao público primeiramente com uma loja de produtos agrícolas, onde já tínhamos entrado sem nos apercebermos da dimensão. (…) Quando o Villas — fundador da cooperativa La OSA — nos recebeu, perguntou-nos o que nos movia e nós começamos a falar daquilo em que acreditamos. Não sei se foi demasiado espiritual mas torceu o nariz. Enquanto uma se sentia indignada por não se sentir ouvida, a outra saca do postal [dos oito pilares]: «Espere! Na prática, o que nos move é isto!» (…) Acho que nunca tínhamos vivido uma conversão tão rápida e tão clara. A partir dali sentámo-nos e concretizámos, cada um na sua língua — em cada olhar, coração e a partir de cada experiência — como somos absolutamente parte do mesmo mundo e da mesma missão.

Laura & Madalena, Madrid

 

PROJETOS VISITADOS

Cooperativa La OSA, Madrid, Espanha

 https://cooperativalaosa.com

Laudato Si §180 «Podem-se facilitar formas de cooperação ou de organização comunitária que defendam os interesses dos pequenos produtores e salvaguardem da predação os ecossistemas locais.»

Conta-nos «Villas», José Escribano, em Madrid, que este tipo de projeto existente desde os anos 70 se trata de um tipo de supermercado cujo trabalho de caixa, atendimento a telefonemas, receção dos produtos às 5h da manhã, etc, é garantido pelos próprios consumidores que, para comprar produtos na loja se comprometem a servir com duas horas e meia mensais de trabalho voluntário. Graças a este envolvimento profundamente diferente da parte dos seus consumidores os produtos biológicos estão a preços acessíveis e suficientes para pagar dignamente aos produtores.

Manos Unidas, Madrid, Espanha

https://www.manosunidas.org

Laudato Si § 146. «Neste sentido, é indispensável prestar uma atenção especial às comunidades aborígenes com as suas tradições culturais. (…) Com efeito, para eles, a terra não é um bem económico, mas dom gratuito de Deus e dos antepassados que nela descansam, um espaço sagrado com o qual precisam de interagir para manter a sua identidade e os seus valores. Eles, quando permanecem nos seus territórios, são quem melhor os cuida.» »

Marco Gordillo, que nos deu o seu testemunho, trabalha na ONG Manos Unidas. Entre outras coisas, é o responsável pelas campanhas de sensibilização, em particular, de estilos de vida sustentáveis.

Projeto SUSI, Freiburg, Alemanha

http://www.susi-projekt.de  

Laudato Si § 148. «Admirável é a criatividade e generosidade de pessoas e grupos que são capazes de dar a volta às limitações do ambiente, modificando os efeitos adversos dos condicionalismos e aprendendo a orientar a sua existência no meio da desordem e precariedade. (…) A vida social positiva e benfazeja dos habitantes enche de luz um ambiente à primeira vista inabitável. É louvável a ecologia humana que conseguem desenvolver (…) desenvolvem-se calorosas relações humanas de vizinhança, criam-se comunidades, as limitações ambientais são compensadas na interioridade de cada pessoa que se sente inserida numa rede de comunhão e pertença. Deste modo, qualquer lugar deixa de ser um inferno e torna-se o contexto duma vida digna.»

Ali Abbas foi quem nos convidou a ficar na comunidade SUSI onde também ele vive. Aqueles prédios começaram por ser antigos quartéis militares da segunda guerra mundial. E foi nascendo um bairro, ao qual vieram viver trabalhadores migrantes, jovens estudantes, famílias, com dificuldade de integração. A edificação dos projetos neste bairro com tão forte vida comunitária passa por um forte envolvimento dos que aqui vivem, que contribuem com trabalho comunitário nas valências do projecto. O projecto SUSI conta com uma escola, e ligado à sua componente ecológica, uma horta comunitária e sistema de compostagem, uma loja de roupa em segunda mão, uma carpintaria, etc.

Zusammen Leben & Kaffee, Freiburg, Alemanha

https://zlev.de/en 

Laudato Si § 232. «(…) no seio da sociedade floresce uma variedade inumerável de associações que intervêm em prol do bem comum, defendendo o meio ambiente natural e urbano. Por exemplo, preocupam-se com um lugar público para proteger, sanar, melhorar ou embelezar algo que é de todos. Ao seu redor, desenvolvem-se ou recuperam-se vínculos, fazendo surgir um novo tecido social local. (…) Isto significa também cultivar uma identidade comum, uma história que se conserva e transmite. (…) um sentido de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar numa casa comum (…). Estas acções comunitárias (…) exprimem um amor que se doa (…).»

Zusammen Leben é um  bairro não residencial, onde se encontram vários projectos, entre os quais o KAFFEE e a RÁDIO. Luta contra o desenraizamento, e possibilita o encontro entre pessoas: inclui um palco  onde se celebra a diversidade cultural, o jardim da comunidade, o café. O projeto está enraizado na necessidade central de pertencer. Para que pessoas que não pertencem, excluídas devida à origem ou bagagem que trazem sejam não apenas acolhidas numa comunidade como por sua vez acolham  e participem  ativamente numa sociedade na qual se envolvem.  

É no bairro Leben (https://zlev.de) que está o Kaffee (https://zlev.de/essen-trinke).  O café foi-nos apresentado, por coincidência pela portuguesa Leonora Lorena, co-fundadora do projeto Zusammen: Leben & Kaffee. Foi também ela que nos pôs em contacto com a Rufine Songué, da rádio  OUR VOICE: https://rdl.de/sendung/our-voice-die-stimme-der-unsichtbaren

Comunidade de Taizé, França

https://www.taize.fr/pt 

Laudato Si §201. «A maior parte dos habitantes do planeta declara-se crente, e isto deveria levar as religiões a estabelecerem diálogo entre si, visando o cuidado da natureza, a defesa dos pobres, a construção duma trama de respeito e de fraternidade.»

O Irmão David que visitou a Associação Casa Velha, acolheu-nos em Taizé e partilhou vários passos que a Comunidade tem dado com as sugestões dos jovens, nomeadamente a horta solidária em Taizé: https://www.taize.fr/pt_article20261.html 

Steffen Brandt, voluntário permanente em Taizé, conta-nos como foi preparar a semana de ecologia e o que resultou dela: https://www.taize.fr/eco

Extinction rebellion, no Mundo

https://rebellion.earth/ 

ODS 16. Promover e fazer cumprir leis e políticas não discriminatórias para o desenvolvimento sustentável

Laudato Si §38 É louvável a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram de forma crítica, inclusive utilizando legítimos mecanismos de pressão, para que cada governo cumpra o dever próprio e não-delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais

No comboio a caminho de Freiburg, conhecemos o Julian Hatty, que faz parte deste movimento ambientalista  de desobediência civil não-violenta para promover a justiça climática e ecológica. A  visão de mudança deste movimento prende-se com «um mundo saudável e belo, onde a individualidade e criatividade são sustentadas e onde as pessoas trabalham juntas na resolução de problemas e na descoberta de sentido, com coragem e amor. Isto será apoiado por culturas enraizadas no respeito pela natureza, liberdade e justiças genuínas.»

agradecimentos

Ali Abbas, Carmo Pupo Correia, Dan-Felix Sorgler, Irmão David, Julian Hatty, Lea Fleur Sorgler, Leonora Lorena, Marco Gordillo, Margarida Alvim, Miguel Dias, P. Pedro Walpole, sj, Rufine Songué, Steffen Brandt, «Villas», José Escribano.

INTERPELAÇÃO DE ENVIO

O QUE É PARA TI VIVER ABERTO E DISPONÍVEL?

On The Way é uma iniciativa promovida pela Fundação Fé e Cooperação, a Associação Casa Velha e a CIDSE no âmbito dos projetos Juntos pela Mudança II e Europa + Justa.

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