viver agradecidos
O QUE SIGNIFICA PARA TI VIVER AGRADECIDO?
chave de leitura
Lembramos os 8 pilares da Associação Casa Velha presentes em cada um dos episódios. Porque mais do que a meta, o importante foi o modo como a Laura e a Madalena viveram este caminho. Estas 8 formas de viver foram uma grande ponte de diálogo
O pilar “Viver Agradecido” ajuda-nos a olhar de novo toda a nossa história, incluindo quem nos precede, e reconhecer a abundância de dons, culturais, naturais, relacionais, que tomamos por garantidos e no entanto sustentam a nossa vida.
Viver agradecidos nasce do experimentar estes movimentos interiores fortes que nos fazem olhar a vida pela positiva, seja qual for a circunstância. Sentiram muitas vezes ao longo da viagem uma gratidão de fundo, reparadora.. Uma gratidão que se foi alargando à medida que puderam conhecer lugares, projetos e pessoas tão genuínos e inspiradores.
«É tão importante parar no fim de cada dia, e dar o peso certo a cada acontecimento. Olhar a nossa História, quem nos precede, quem nos suporta. Ficamos mais atentos, sustentáveis e… suportáveis!»
[inspirado nos 8 Pilares da Vida na Associação Casa Velha]
Desde a gratidão de quem colhe o seu almoço na horta criatividade do projeto único e integral da aldeia sustentável, ao descanso de quem é acolhido por desconhecidos nos intervalos de uma longa viagem e sente o corpo a ser reparado e a alma confiada…
Que luz nos dá este pilar para um olhar mais amplo e integral sobre o nosso consumo e produção?
Viver agradecidos pelo tanto que nos é dado e garantido todos os dias. Pensando simplesmente no que comemos em cada dia, quantas pessoas e recursos temos a agradecer, a tratar e cuidar com cuidado e respeito.
DIÁRIO DE BORDO
Sonhávamos com uma viagem tranquila, em que reinasse a simplicidade e a sustentabilidade. «Seremos sustentáveis em tudo: no limite pedimos só uma sopa e se for preciso dormimos na rua». (…) Depois de tanto tempo em viagem, fomos confrontadas com o desafio que é encontrar alternativas sustentáveis. Já empanturradas com sandwiches, chegarmos a uma quinta e colhermos os nossos legumes para o almoço é mágico. A criatividade que existe nos solos, nas plantas, nas flores e nos frutos deixa-nos sempre perplexas. Descobrimos uma nova generosidade da Terra. (…) Depois de uma noite sem termos onde descansar, dormir numa cama é um luxo. Não devíamos precisar do princípio da frase anterior. (…) O encontro com tantas pessoas e a descoberta de tantos projectos incríveis deu-nos esperança, alegria e motivação para continuar um caminho que já começou muito antes de nós. (…) Não fizemos nada e tudo isto nos é dado e confiado. Como se responde? Queremos cuidar mais!
Laura & Madalena
PROJETOS VISITADOS
Eco-aldeia Schloss Tempelhof, Kreßberg, Alemanha
https://ecovillage.org/schloss-tempelhof/
Laudato Si §179. Nalguns lugares, estão a desenvolver-se cooperativas para a exploração de energias renováveis, que consentem o auto-abastecimento local e até mesmo a venda da produção em excesso. Este exemplo simples indica que, enquanto a ordem mundial existente se revela impotente para assumir responsabilidades, a instância local pode fazer a diferença.
Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização
Foi um amigo alemão, o Dan-Felix e a Lea, sua noiva, que as receberam neste lugar onde viviam. Ficaram a dormir numa das pequenas roulotes fixas de madeira, que ficam em redor da earthship – casa construída ecologicamente e auto-suficiente -, onde ficam os espaços comuns.
O projeto integrou os edifícios da aldeia, sendo uma combinação harmoniosa de edifícios antigos, roulotes ecológicas de madeira e a earthship. Conta com uma escola, padaria em modelo CSA (community supported agriculture), oficina de olaria, ginásio, supermercado biológico, muitas estufas, apicultura (…) e uma lógica comunitária de partilha de talentos.
Restaurante EntreNous, Bruxelas, Belgica
Laudato Si §63. Se tivermos presente a complexidade da crise ecológica e as suas múltiplas causas, deveremos reconhecer que as soluções não podem vir duma única maneira de interpretar e transformar a realidade. É necessário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte e à poesia, à vida interior e à espiritualidade. Se quisermos, de verdade, construir uma ecologia que nos permita reparar tudo o que temos destruído, então nenhum ramo das ciências e nenhuma forma de sabedoria pode ser transcurada.
Neste restaurante sente-se o cuidado agradecido das raízes culturais culinárias (italianas) e a íntima relação entre a celebração da cultura e a celebração da terra. Cada garfada no «entre nous» é uma explosão de sabor, cheiro, cor e sentido. Sara Lenzi foi quem nos falou do projeto, que conta com outros parceiros italianos.
Carmel de la Paix, Mazille, França
https://www.service-des-moniales.cef.fr/en/carmel-peace-at-mazille-cluny/
Laudato Si § 223. «(…)É possível necessitar de pouco e viver muito, sobretudo quando se é capaz de dar espaço a outros prazeres, encontrando satisfação nos encontros fraternos, no serviço, na frutificação dos próprios carismas, na música e na arte, no contacto com a natureza, na oração. A felicidade exige saber limitar algumas necessidades que nos entorpecem, permanecendo assim disponíveis para as múltiplas possibilidades que a vida oferece.»
Ouvimos no vídeo um canto do Carmel de la Paix, uma Comunidade de Irmãs Carmelitas que vive de uma forma sóbria desde a sua raíz e naturalmente ecológica. Há muitos anos que experimentam a encíclica Laudato Si’, pondo em prática um processo contínuo de conversão ecológica.
Boskanter, Brakel, Bélgica
Laudato Si § 209. A consciência da gravidade da crise cultural e ecológica precisa de traduzir-se em novos hábitos. Muitos estão cientes de que não basta o progresso actual e a mera acumulação de objectos ou prazeres para dar sentido e alegria ao coração humano, mas não se sentem capazes de renunciar àquilo que o mercado lhes oferece. Nos países que deveriam realizar as maiores mudanças nos hábitos de consumo, os jovens têm uma nova sensibilidade ecológica e um espírito generoso, e alguns deles lutam admiravelmente pela defesa do meio ambiente, mas cresceram num contexto de altíssimo consumo e bem-estar que torna difícil a maturação doutros hábitos. Por isso, estamos perante um desafio educativo.
À chegada a Bruxelas, o Giorgio Gotra (CIDSE) não só as acolheu em sua casa, como as levou e apresentou a quem, como nós, acredita – e vive! – um outro estilo de vida. Sandór Neubauer, recém-chegado à CIDSE também se juntou à viagem de comboio, para finalmente conhecerem a quinta Boskanter, através de quem lá vive: Rob Hillen. A Boskanter é uma organização belga sem fins lucrativos enraizada numa quinta onde é possível experimentar e partilhar um estilo de vida assente na suficiência e no respeito pelo planeta, tendo como marca os processos artesanais, simples e responsáveis.
agradecimentos
Catarina Gião, Clara Lito, aci (ACI França), Claudia Beltran (Manos Unidas), Comunidades das Escravas do Sagrado Coração de Jesus de Madrid e de Paris, Dan-Felix Sorgler, Dulce Catarino aci (ACI Espanha), Equipa de acolhimento Taizé, F. Pedro Walpole, sj, Francisco Monteiro, Giorgio Gotra, Glória Barna, Julian Hatty, Lea Fleur Sorgler, Mafalda Figueiredo aci (ACI Madrid), Mafalda Lima, Dr. Chico, Marco Gordillo (Manos Unidas), Margarida Alvim, Melissa Med, Miguel Dias, P. António Ary, sj, Rob Hillen (Boskanter), Sándor Neubauer (CIDSE), Sara Lenzi (restaurante EntreNous), Vera Guedes.
INTERPELAÇÃO DE ENVIO
O QUE É PARA TI VIVER agradecido?
On The Way é uma iniciativa promovida pela Fundação Fé e Cooperação, a Associação Casa Velha e a CIDSE no âmbito dos projetos Juntos pela Mudança II e Europa + Justa.