Do voluntariado ao nosso caminho de mudança para um “novo porto”
Nome: Nuno Mira, Sofia Lopes, Mateus Mira e José Samuel Mira
Idade: 43, 38, 8 e 6
País: Portugal
“Cruzámo-nos com a FEC quando participávamos num grupo de voluntariado missionário chamado Diálogos – Leigos SVD para a Missão, em 2005/2006. Foi aqui que fizemos formações promovidas pela FEC e participámos em diversas atividades de animação, como o Dia do Voluntário Missionário. Mas foi este o primeiro contacto para o papel maior que a FEC assumiu nas nossas vidas: o trabalho da FEC leva, de facto, ao efeito bola de neve em que ao mobilizar e envolver um/a pessoa/grupo esse/a pode influenciar outras pessoas/grupos, garantindo a verdadeira transformação!
Tudo começou no voluntariado: A partilha do Dia do Voluntário Missionário levou à criação de sinergias e permitiu um maior crescimento a partir do testemunho do Outro. A oportunidade de vivenciar o espírito missionário junto de pessoas tão diferentes e oriundas de diversas cidades do país é algo muito enriquecedor. Ficaram na nossa memória as eucaristias sempre alegres e sentidas devido ao ritmo das guitarras, as mensagens dos cânticos e as animações representando a diversidade cultural do mundo.
Depois veio outra iniciativa da FEC, uma “caminhada”, que foi decisiva para nós e nos levou ao nosso próprio caminho: A decisão em participar foi equilibrada com a vinda do Papa a Portugal! Eu (Nuno) faço anos dia 13 maio, para mim como é obvio é um dia especial e esse ano acontecia tudo ao mesmo tempo: Beatificação dos Pastorinhos, Centenário das Aparições de Fátima, Vinda do Papa, etc… Uff! Pareceu-me muito mas… sabem aquela sensação que falta algo mais… algo diferente… algum grupo onde houvesse partilha, uma introdução a um tema interessante… Foi quando a Sofia me disse que havia um grupo que a FEC estava a organizar a Caminhada Pela Mundança/Walk For the Change! E voilá! Apareceu o tal grupo e ainda por cima ia refletir a encíclica do respeito pela Criação!
O que motivou a inscrever-me foi o facto de ter o” tal grupo” onde além daqueles eventos importantes a acontecer, poderia partilhar e debater temas importantes de maneira a dar ainda mais sentido a toda a caminhada… nada melhor que uma caminhada pela mudança! E como nós (Sofia e Nuno) já estávamos a debater mudanças de paradigma na nossa vida (sair da cidade ir para local mais puro, menos alergénico, mais próximo da natureza, que proporcionasse mais tempo para os filhos, menos stress diário com logísticas casa-escola-trabalho-escola-casa, etc…) já há muitos anos, pareceu-me importante participar. Na altura queríamos ir os 2, mas por motivos de trabalho a Sofia infelizmente não podia participar!… Então depois de ponderarmos os prós e contras inscrevi-me.
Ao chegarmos, um acolhimento caloroso da anfitriã Margarida Alvim permitiu-nos conhecer os “cantos da casa”. Durante estes 4 dias foram muitos os temas abordados, debatidos, partilhados, explicados, enfim… um sem número de atividades, principalmente abordando a questão de como na realidade cada um de nós, individualmente ou em grupo, pode tornar a nossa vida mais sustentável sob todos os aspetos… e foi nestes pontos em que a minha reflexão, com o grupo foi importante! A mudança só pode ser feita por cada um de nós! Somo nós individualmente que mudamos o rumo e os outros que estão próximos e menos próximos ao verem o nosso exemplo acabam por tomar ou não a mesma opção!….Mas temos de o fazer! E como eu e Sofia já tínhamos antes abordado que teríamos de alterar o nosso modo de vida, além de os médicos dizerem que para os nossos filhos seriam bom mudar para um ambiente sem poluição e ao pé do mar… a decisão da necessidade de realmente mudar estava a ficar mesmo concreta e urgente!… E Porto Santo seria para já um local que reunia o maior número de “requisitos”. Ter casa de família no Porto Santo e família na Madeira foi um dos aspetos mais importantes na escolha do local!…
Há muito procurávamos ir ao encontro de um maior equilíbrio «trabalho-natureza-família-“eu”» mas tudo ficava sempre nas hipóteses num futuro próximo mas ao mesmo tempo incerto e longínquo… “temos de mudar a nossa vida para…”; “…um dia vamos para…”
A ideia seria ter consciência e reduzir ao máximo os impactos negativos e apesar de se ter conseguido, nem tudo foram rosas sobretudo nos 3 ou 4 primeiros meses de mudança!… Mas com ajuda da força de Deus e perseverança a adaptação foi-se fazendo no dia-a-dia, semana a semana e fomos vendo muitos pontos positivos e focando-nos neles! Só passaram 8 meses por isso esta adaptação ainda não está concluída, é um processo gradual com as suas dificuldades e pontos positivos.
E quais foram esses pontos positivos da nossa mudança para o Porto Santo, perguntam vocês?
Primeiro o ar extremamente puro e leve, banhado pelo salgado da brisa marítima!… humm! Depois o sol quente q.b., o facto de podermos fazer praia todo o ano (…este ano foi muito mau!…inverno quase sempre nublado e a chover e mesmo algum frio, inédito segundo os mais idosos!), o trânsito inexistente, sem semáforos, comboios ou metro! Um sossego, embora a nossa casa fique junto de uma via principal e faz algum barulho, mas muito diferente de Lisboa! Temos também montanhas e paisagens maravilhosas para caminhar, sempre com o tema mar em presença!
Mas não se pense que é um jejum, pois a ilha é constantemente visitada por pessoas de todo o mundo o que até dá um certo sentimento de… casa comum! De certo, com o tempo haveremos de contagiar esta conversão ecológica com todos os que estão e os que passam por aqui, de modo a poderem levar esta mensagem que urge Cuidar da Casa Comum!
Indiretamente, a Caminhada foi a força interior para passar da teoria à prática. Os testemunhos, as reflexões das dinâmicas, o silêncio da caminhada e o compromisso assumido (dar mais importância em lutar por uma verdadeira conversão ecológica) foram pontos essenciais para eu e, indiretamente a Sofia, assumir esta nova etapa. Um verdadeiro processo de Educação para o Desenvolvimento!”