267 Portugueses fazem voluntariado missionário

267 portugueses dedicam-se a ações de Voluntariado Missionário em 2024, 106 jovens e adultos realizam projetos de voluntariado missionário em países em vias de desenvolvimento e 161 desenvolve atividades de voluntariado/missão em Portugal. Um número global mais baixo do que em período homólogo verificando-se uma ligeira descida no número de voluntários que parte para missões de longa duração, segundo dados estatísticos da Rede de Voluntariado Missionário coordenada pela FEC – Fundação Fé e Cooperação.

África e América do Sul, recebem os 106 voluntários portugueses, distribuídos entre projetos de curta e longa duração. São Tomé e Príncipe vai acolher 45 voluntários, Moçambique recebe 21, Angola recebe 16, Cabo Verde 12, Guiné Bissau 10, República Centro Africana e Brasil recebem 1 voluntário cada.

84 pessoas partem para projetos de curta duração, isto é, em missões que podem ir de 15 dias a 6 meses. 22 pessoas partem em projetos de longa duração (entre 7 meses a 2 ou mais anos). No total, 72% são mulheres e 28% homens.

A maior parte dos voluntários que parte entre janeiro e dezembro de 2024 tem idades compreendidas entre 18 e 30 anos, sendo que 30% dedicam o seu tempo de férias para se integrar no desenvolvimento de projetos de voluntariado internacional, 21% são estudantes, 16% pediram licença sem vencimento, 16% são recém-licenciados ou reformado, 10% desempregaram-se para partir em missão, 5% estão desempregados e 1% são padres.

Entre os 106 voluntários que participam este ano em projetos de voluntariado missionário, 12 deles vão repetir a experiência, representando 11% do universo das partidas.

Deixar a segurança de um emprego para partir em missão
Com idades compreendidas entre os 18 e os 50 anos, 11 pessoas deixam o seu emprego e 17 pedem uma licença sem vencimento para partir este ano para países em vias de desenvolvimento.

As principais áreas de intervenção das entidades durante a sua presença em projetos de voluntariado missionário são variadas: agricultura, animação sociocultural, construção de infraestruturas, educação e formação, pastoral, saúde, dinamização comunitária, entre outras necessidades sentidas no decorrer dos projetos. Ainda assim a saúde, educação, formação e pastoral continuam a ser o principal enfoque dos voluntários, estando um total de 72% de entidades envolvidas nestes projetos. Logo a seguir, vem a animação sociocultural, construção de infraestruturas, e desenvolvimento comunitário/empreendedorismo e empregabilidade representando um total de 11%, 6% e 11% respetivamente, das entidades a trabalhar nestas áreas. A desenvolver os seus projetos com ou para crianças, jovens e mulheres, estão 66% das entidades, 26% com ou para homens e famílias, 11% com ou para homens e 9% com ou para idosos. À semelhança dos anos anteriores, o principal enfoque do trabalho dos voluntários e das organizações continua a ser crianças e jovens.

Aprender novas formas de ser e de estar
Quando questionados sobre as maiores marcas que os projetos, os países e a vivência em missões de voluntariado, deixam nas pessoas que partem, 13 entidades apontam uma maior sensibilização para a interculturalidade, 12 a aprendizagem de novas formas de ser/estar, 9 o desejo de continuação de apoio aos projetos a partir de Portugal, 6 a maior consciência das interdependências globais e 5 a maior valorização dos recursos naturais. De referir também, que as organizações afirmam que muitos voluntários, após o termo dos projetos, sentem o desejo de regressar ao país de missão para trabalhar numa empresa, ONGD ou associação (12%).

161 Voluntários Missionários em Portugal
Este ano, são 161 jovens e adultos os que realizam ao longo de todo o ano atividades de voluntariado missionário em Portugal, com uma duração que pode ir desde uma vez por dia, uma vez por semana, uma vez por mês, uma semana por ano, e outras, mas com uma regularidade assegurada. Este trabalho é desenvolvido em todas as regiões do país, tendo uma incidência maior em Trás-os-Montes e Alto Douro com um total de 31 voluntários. Segue-se a Beira Litoral com 28 voluntários, Lisboa e Vale do Tejo com 17 voluntários, o Minho com 5 voluntários e as Beiras (Alta e Baixa) com um total de 4 voluntários em ação.

A maior parte dos voluntários desenvolve atividades de animação sociocultural e de trabalho na área da pastoral, num total de 53% de ação nestes campos. 77 % das entidades têm como enfoque do seu trabalho com jovens, crianças, famílias e idosos. 18% dedicam-se ao trabalho com ou para mulheres ou homens. Na maioria das vezes, a mesma entidade trabalha em várias áreas em simultâneo respondendo às necessidades de diversas populações-alvo.

Estes dados resultam de um inquérito feito a 61 Entidades com diferentes estatutos que integram a Rede de Voluntariado Missionário coordenada pela FEC, nomeadamente ONGD, IPSS, Associações Juvenis, Congregações Religiosas, Paróquias, Dioceses, Fundações e grupos informais de jovens e adultos. Das 61 entidades responderam 19 (um número menor que no ano anterior).

A Fundação Fé e Cooperação (FEC) dinamiza a Rede do Voluntariado Missionário desde 2002 e em cada ano recolhe e compila os dados de cada entidade associada, gerando os dados que dão corpo à estatística que é depois divulgada e que em muito contribui para um maior conhecimento e uma consolidação desta área. O Voluntariado Missionário distingue-se do Voluntariado Internacional para a Cooperação principalmente pela sua génese cristã-católica.

Na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2024, o Papa Francisco pede que “Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária.”

Nas duas últimas décadas, Portugal correspondeu com 7934 respostas positivas no que respeita ao voluntariado missionário realizado nos países em vias de desenvolvimento.

Fotografia: Gabriel de Deus, Voluntário das IHSCJ