Canonização de Madre Teresa de Calcutá
Canonização de Madre Teresa de Calcutá
Este Luso Fonias é dedicado a Madre Teresa de Calcutá, que este domingo foi canonizada na Praça de São Pedro, em Roma. A fundadora das Missionárias da Caridade foi uma das figuras mais marcantes do Século Vinte, tendo sido também Prémio Nobel da Paz. Com base em Calcutá, acolheu os mais pobres dos pobres e a sua obra espalhou-se por todo o mundo.
Em Portugal, a congregação tem três casas, em Setúbal, Faro e Lisboa. As próprias irmãs não dão entrevistas, mas convidámos o pároco de Chelas, Frei Fabrizio Bordin para nos dar o seu testemunho sobre a presença das Missionárias da Caridade na sua paróquia e sobre o carisma da congregação.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘De Calcutá e do resto do Mundo’
“Há vidas que se transformam com opções radicais. A da Madre Teresa de Calcutá é uma delas. Todos conhecemos, mais ou menos, o seu percurso de vida. Albanesa, Religiosa de uma Congregação bem colocada no mundo da Educação, estava num grande Colégio quando sentiu o apelo interior a deixar tudo e partir para onde o grito dos mais pobres chamasse por ela. E assim chegou às periferias miseráveis de Calcutá, nesta Índia de contrastes enormes.
Dali a ser notada, foi um pequeno passo. Aquela Irmã vestida de azul e branco chamava a atenção de todos: dos pobres que acolhia e apoiava; das autoridades locais que se sentiam interpeladas com a sua Missão; dos jornalistas do mundo inteiro que viam naquela freira o rosto de uma santa.
Como a vocação se espalha por contágio, foram muitas as mulheres que se foram juntando á Madre Teresa e assim, de dia para dia, crescia o número das Irmãs da Caridade, nome que Madre Teresa deu á Congregação que fez nascer em Calcutá.
Porque pobres e abandonados há-os por todo o lado, a Congregação foi estendendo a sua Missão ao resto do mundo. Hoje são muitas as Irmãs e muitos os países onde trabalham. A opção inicial mantém-se: um estilo de vida muito simples, longos tempos de oração, partilha de vida com os mais pobres, dedicação absoluta a quem não conta para as nossas sociedades que excluem mais do que integram.
Muitos jornalistas iam, de propósito, a Calcutá para fazer reportagens e obter entrevistas de Madre Teresa. Há peças de jornalismo que são fantásticas. Recordo apenas uma delas: depois de percorrer, com Madre Teresa, ruas e espaços de acolhimento aos pobres, um jornalista diz-lhe: ‘Por nenhum dinheiro do mundo eu fazia uma trabalho destes!’. Resposta rápida: ‘Eu também não!’.
O que fez correr Madre Teresa pelos caminhos de Calcutá e por todas as sarjetas humanas do mundo foi o Mandamento do Amor, tão bem expresso na parábola do Bom Samaritano. O mundo inteiro precisa de grandes referências e ela é sinal claro de opção pelos mais pequeninos e pobres, aqueles que não têm vez nem voz, que nem têm lugar nas estatísticas. Mas são pessoas e, por isso, tão dignas como todas as outras.
No altar, Teresa será de Calcutá e do mundo inteiro. Será um grito por mais justiça, paz, fraternidade. O Papa Francisco, que tanto fala de uma Igreja em saída para as periferias e margens, deve ter um orgulho enorme em canonizar esta Santa.”