Alzheimer
Alzheimer
Este Luso Fonias é dedicado à doença de Alzheimer, uma demência que vai roubando a memória e a autonomia dos doentes. Nas vésperas do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que se assinala no próximo dia 21 de setembro, vamos falar sobre os seus sintomas, porque é importante identificá-los num estado inicial. Contamos com o testemunho de Ana Taborda, presidente da Delegação do Norte da Associação Alzheimer Portugal, para nos falar sobre esta doença e sobre o apoio que pode ser dado aos seus doentes e cuidadores.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Alzheimer’
“É uma palavra que assusta. A doença vem de longe, mas este nome veio para ficar e dizer-nos que há doenças que nos retiram a lucidez e nos fazem dizer e agir de forma inesperada.
Antigamente, as pessoas viviam menos anos e, talvez por isso, não eram tão numerosos os casos das pessoas que perdiam a lucidez no fim da vida. Também é verdade que as famílias eram mais numerosas e alargadas, a ponto de integrar melhor e acompanhar até á morte as pessoas que – usando a linguagem da minha aldeia – perdiam o juizinho!
Lembro-me dos tempos da minha infância e de alguns familiares e vizinhos que continuavam a percorrer os caminhos da aldeia, completamente perdidos nos lugares e na memória. Era um drama para as famílias. Não era por acaso que a minha avó terminava sempre a oração do Terço em família com a petição: ‘o Senhor nos dê juizinho até à hora da morte!’.
Hoje o Alzheimer está instalado em quase todas as famílias e o drama maior não é vivido pelos doentes, mas por quem os vai acompanhando no dia a dia. É preciso fazer um acompanhamento de 24 sobre 24 horas, não dando qualquer espaço de descanso. Ao fim de algum tempo, parece que se inverteram os papéis e quem cuida é quem está mais doente. A sociedade actual tem muita dificuldade em resolver estas situações dada a sua complexidade. Num tempo em que se pretende que todas as pessoas tenham emprego fora de casa, nunca sobra ninguém para partilhar a vida com quem fica vítima da doença de Alzheimer. O recurso a instituições é cada vez mais complicado, pois fica muito caro acompanhar pessoas que têm muita força física, percorrem quilómetros todos os dias e, segundo a nossa avaliação, só fazem asneiras. Mesmo os lares de idosos põem sérias reservas á admissão de doentes de Alzheimer, pois estes implicam o aumento exponencial de funcionários, o que encarece o funcionamento regular das instituições.
A sociedade vive tempos de angústia. Já não encontra soluções para boa parte dos problemas. As famílias na Europa estão pequenas, fracturadas e com uma enorme incapacidade de resolver os dramas que as afligem. Há que mudar. Não sabemos bem que caminhos novos o futuro nos apontará. Mas a verdade é que a longevidade continua a aumentar (e ainda bem!) e há que inventar novas maneiras de estruturar a sociedade para que quem adoece tenha lugar para viver com dignidade e ser apoiado de acordo com o seu quadro clínico. E, sobretudo, que ninguém seja excluído.”