Turismo sustentável
Turismo sustentável
Este Luso Fonias é dedicado ao Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, tema que a ONU quer pôr em destaque em 2017. Como é que o turismo pode promover a inclusão social e o crescimento económico, respeitando ao mesmo tempo o ambiente, é o desafio em debate neste programa, numa conversa com a professora Isabel Vaz de Freitas, da Universidade Portucalense.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Turismo sustentável’
“2017 está virado para um turismo que seja ecológico. Durante muito tempo, turismo rimou com gente rica e só quem tinha muitas posses se dava ao luxo de ter férias e sair da sua casa.
Também o turismo foi marcado, séculos a fio, por construções em montanhas e praias que não respeitavam em nada a natureza. Com a evolução da sensibilidade e espírito ecológicos, apareceram leis sucessivas a contrariar tudo quanto mostrasse desrespeito pela mãe natureza.
Hoje, o turismo está democratizado e são cada vez mais as pessoas que podem aproveitar o seu tempo de férias para partir rumo a terras desconhecidas para aumentar conhecimentos e experimentar a riqueza da diversidade que marca o mundo em que vivemos.
Mas há sempre exageros na forma como nos relacionamos com a natureza e há muito que crescer para que a ecologia seja integral. Um turismo sustentável implica respeito pelas pessoas e pela natureza. Não faz sentido invadir uma ilha cheia de biodiversidade, atafulha-la de construções que abalam o seu ecossistema e criar paraísos perdidos, altamente promovidos pelo marketing turístico que faz rodar milhões.
Há também linhas turísticas, muito publicitadas, que provocam a exploração sexual (até de menores), que constituem um atentado á dignidade e aos direitos humanos. Costuma-se defender com a evocação da liberdade da escolha assente no ‘só vai quem quer’ e ‘só se vende quem quer ganhar dinheiro fácil!’. Ora, todos sabemos que não é assim que acontece e que é muito fácil explorar os pobres.
Este Ano Internacional do Turismo Sustentável aponta em duas direcções que estão longe de ser opostas. Por um lado, há que criar condições para que todas as pessoas, por esse mundo além, tenham a oportunidade de alargar horizontes, conhecendo outras terras e outros povos, desfrutando da riqueza da diversidade das culturas e das belezas da natureza que merecem ser vistas. Por outro lado, há que evitar atentados contra a dignidade das pessoas e contra a natureza.
Para que o turismo seja de excelência e ajude a respeitar pessoas e natureza há que construir sociedades desenvolvidas em que os trabalhadores tenham acesso a um salário digno que lhes permita fazer face a todas as despesas do quotidiano e ainda sobre dinheiro para férias fora de portas. Também se torna fundamental melhorar o quadro legal no que diz respeito a construções de estruturas turísticas para que a natureza nunca seja violentada, mas respeitada para bem de todos, a começar pelos próprios turistas.
Sendo um negócio de milhões, o turismo tende sempre a ser aproveitado por redes de quem, sem escrúpulos, quer apenas lucro e sucesso, por qualquer preço. Mesmo que esse preço seja a dignidade humana calcada ou a natureza poluída e esmagada.
É tão bom partir, fazer a experiência do plural, cheirar e sentir outras terras e outros climas, encontrar outros povos e culturas, deslumbrar-se com as belezas que a natureza nos oferece. Os legisladores e operadores turísticos tenham o bom senso e a lucidez de nos mostrarem um mundo belo, sustentável e ecológico. Para bem de todos.”