Jornalismo com ética
Jornalismo com ética
Este Luso Fonias é dedicado à ética no jornalismo. Há poucas semanas, os jornalistas portugueses estiveram reunidos em congresso para debater as principais questões deontológicas que a profissão hoje enfrenta. A esse propósito, contamos com o testemunho de Joaquim Fidalgo, que foi jornalista no JN, Expresso e Público, e hoje é professor na Universidade do Minho, onde tem aprofundado o tema da ética deontológica no jornalismo.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Jornalismo com ética’
“Isso de anunciar ‘boas notícias’ tem muito que se lhe diga. Mas a missão de um jornalista é essa mesma. Há que dizer o que se passa, o que se vive, o que se sente. Fazer uma reportagem, uma entrevista, uma notícia, um comentário, um editorial, uma crónica… pode mostrar um género jornalístico diferente, mas o objetivo tem de ser o mesmo: a aproximação á verdade. Sim, há que dizê-lo com humildade: da verdade apenas nos podemos aproximar e ela será sempre mais do que aquilo que nós possamos pensar, elaborar ou escrever.
Ainda vivemos num tempo em que parece que o sangue e a tragédia vendem mais. Mas não nos podemos resignar a esta quase fatalidade. Temos de ousar dizer boas notícias e convencer o mundo de que elas valem mais que todas as desgraças.
Há que investir muito na defesa dos jornalistas que trabalham em situações de risco. Condenemos todos os atentados ao direito à informação, à liberdade de expressão e de imprensa e gritemos contra quem quer, a todo o preço (até com ameaças de morte) ‘açaimar’ os direitos dos jornalistas. Também são inadmissíveis as relações de promiscuidade entre o jornalismo e a política, bem como as pressões do mundo dos negócios, das finanças e do desporto sobre o trabalho dos profissionais da comunicação social.
Os códigos deontológicos nasceram da necessidade de se orientar o exercício do jornalismo. Dão linhas de orientação ética aos profissionais da comunicação social, mas também mostram quais são os seus direitos que todos devem reconhecer. Há que investir na formação séria e competente dos jornalistas para que o seu trabalho seja isento (o mais possível), na busca de uma objetividade que nunca se alcança, mas que se pretende como horizonte.
O Papa Francisco convida os jornalistas a anunciar a ‘Alegria do Evangelho’, a ‘Alegria do Amor’, a ecologia integral, as boas notícias que traduzem optimismo e geram justiça, abrem caminhos de paz… É, reconhece-o, um grande programa de vida para quantos acreditam na força dos media e das tecnologias da comunicação que fazem do mundo uma aldeia e formam (formatando) a mentalidade e a cultura dos tempos que correm. Merecem ainda reflexão os alertas que o Papa lança sobre os novos media: ‘Também emails, SMS, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas(…) As redes sociais são capazes de favorecer as relações e de promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral’.
Com ética e competência profissional, o jornalismo ajudará a construir um mundo com menos muros e mais pontes.”


