Ser Mulher na Ciência
Ser Mulher na Ciência
Este Luso Fonias é dedicado a todas as mulheres que nos ouvem em todos os cantos do mundo lusófono. O Dia Internacional da Mulher foi assinalado esta semana, na quarta-feira, e da Guiné-Bissau chega-nos o relato das iniciativas que marcaram esta data. Contamos ainda com o testemunho de uma mulher que se tem destacado na ciência. Susana Sargento é doutorada em Engenharia Eletrotécnica, é professora e investigadora Universidade de Aveiro, e no ano passado venceu o prémio Mulheres Inovadoras, atribuído pela Comissão Europeia. Fala-nos sobre o seu trabalho com um sistema que difunde o sinal da internet através de veículos em movimento, e também vai dar o seu testemunho de ser mulher no mundo da ciência.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Mulheres mártires’
“Há muito quem creia que isso do martírio é só para homens. Mas, a história da Igreja desmente-o. Há tantas e tantas mulheres que, em nome da fé e do amor, deram a vida para que outros tivessem mais vida. O martírio é a página mais eloquente da história da humanidade porque falamos de pessoas que não guardaram as suas vidas porque acharam mais importante oferecê-las a outras para que houvesse mais justiça, paz, fraternidade e liberdade no mundo.
Quando estava em Missão por terras do planalto central de Angola, a guerra civil fazia razias entre as populações pobres e indefesas. Nos momentos mais quentes dos combates, quem podia fugir não pensava duas vezes e punha-se a mexer para terras mais calmas. Mas as missionárias e os missionários decidiram partilhar a má sorte de um povo mártir e ousaram ficar para ser a voz dos silenciados pelos senhores daquela terra e daquela guerra. Vou citar apenas dois nomes de mulheres mártires, a quem quero prestar uma merecida homenagem por ocasião deste Dia Mundial da Mulher, que celebramos a 8 de Março. São elas, a Irmã Lurdes Aguiar, Teresiana, natural do Marco de Canavezes – Diocese do Porto e a Irmã Maria Joaquim, Espiritana, natural de Tondela – Diocese de Viseu.
A Irmã Lurdes foi assassinada na Missão do Canhe, nas periferias da cidade do Huambo, a 4 de dezembro de 1992, um mês antes do início dos ferozes combates que arrasariam a cidade do Huambo. Tinha 72 anos de vida e 43 de Angola. Foi formadora anos a fio, tinha muitas mulheres que a admiravam pela sua coragem e dedicação a um povo em tempo de guerra. O seu coração, com a largueza do mundo, distribuía comida e roupa todos os dias aos pobres que lhe batiam à porta. E foi para defender o armazém que enfrentou os bandidos armados que a matariam naquele trágica noite. Escusado será contar que a cidade parou para o seu funeral e muitos choraram a sua partida violenta para a Casa do Pai.
Durante a tristemente célebre ‘Batalha dos 55 Dias’ do Huambo, a Irmã Maria Joaquim não olhava a perigos e ia, diariamente da Comunidade Espiritana à destruída pediatria do Hospital Central para acompanhar as crianças que ali enfrentavam a morte por doença e guerra. Um dia, já em casa, foi atingida por um obus e morta. Sepultada, primeiro no jardim da Casa, seria trasladada para o Cemitério de S. Pedro. São muitas as memórias que recolhi e continuo a recolher da vida e Missão da Irmã Maria, com um curriculum de inteira entrega ao povo a quem serviu até ao fim.
Presto homenagem a todas as muitas mulheres da minha vida, sobretudo às que deram tudo para que o mundo fosse melhor.”