Caminhar pela Mudança
Caminhar pela Mudança
Este Luso Fonias é dedicado a uma iniciativa da FEC – Fundação Fé e Cooperação, por ocasião da vinda do Papa Francisco a Portugal. A FEC está a promover uma “Caminhada pela Mudança”, inspirada na encíclica Laudato Si e nos ensinamentos do Papa Francisco sobre ecologia. Esta caminhada a que a FEC nos convida, inclui pequenos passos de mudança no nosso comportamento de consumo, para bem do planeta e também da comunidade que nos rodeia. Para sabermos mais sobre esta caminhada contamos com o testemunho de Margarida Alvim, da FEC.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Às portas da visita do Papa Francisco – regresso à Laudato Si’
“O Papa Francisco brinda Fátima com uma visita Pastoral a 12 e 13 de Maio. Uma das imagens de marca é a sua perspetiva de ecologia integral gravada nas páginas densas e intensas da encíclica ‘Laudato Si’, publicada no dia de Pentecostes de 2015.
Vou limitar-me a fazer alguns recortes onde destaco o que de mais corajoso e inovador propõe o Papa. É um documento que pretende abrir um diálogo alargado sobre a urgência de amar e cuidar da casa comum que é a Terra. Diz: ‘Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou’ (nº2). Há eixos que atravessam toda a encíclica: ‘a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descartável e a proposta de um novo estilo de vida’ (nº 16).
Contra a indiferença, Francisco quer dirigir-se a cada pessoa do planeta para entrar em diálogo com todos acerca desta casa comum. É urgente fazer uma mudança radical de comportamento, uma conversão ecológica global. Exigem-se ‘mudanças profundas nos estilos, nos modelos de produção e consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades’ (nº5).
A preocupação ecológica é comum a todos, incluindo cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais. Há que proteger a Terra e unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral. O diálogo ajudará a encontrar caminhos.
O Papa está preocupado com a fraqueza da reacção política internacional: ‘ a submissão da política à tecnologia e à finança demonstra-se na falência das cimeiras mundiais sobre o meio ambiente. Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse económico chega a prevalecer sobre o bem comum’ (nº53).
Francisco propõe uma ecologia integral que inclua claramente as dimensões humanas e sociais: ‘a imposição dum estilo hegemónico de vida ligado a um modo de produção pode ser tão nocivo como a alteração dos ecossistemas’ (nº144). Há que proteger as comunidades aborígenes.
A falta de habitação é grave. Os fracos transportes públicos também prejudicam os mais pobres. O princípio do bem comum devia ser sempre respeitado, como forma de combate às desigualdades e à exclusão social que vitima milhões de pessoas. Há ainda a urgência de olhar para as gerações seguintes, pois a terra que recebemos pertence também áqueles que hão-de vir. O Papa cita os Bispos de Portugal: ‘o ambiente situa-se na lógica da recepção. É um empréstimo que cada geração recebe e deve transmitir à geração seguinte’ (nº159).
Há que mudar o atual estilo de vida para um mais simples, mais fraterno. Não queremos ficar para a história como uma geração irresponsável, mas antes generosa e ecológica.
Há que credibilizar a política. Caso contrário, ninguém confia em práticas políticas marcadas pela corrupção e falta de boas políticas públicas.
O mundo precisa de mudar, abandonar o consumismo excessivo.
A ecologia integral proposta pelo Papa ‘é feita de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração e do egoísmo’ (nº 230). Ao referir a civilização do amor, Francisco diz que o amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico.”