As visões de Fátima e a leitura da Igreja
As visões de Fátima e a leitura da Igreja
Neste Luso Fonias vamos continuar a falar sobre Fátima, no fim deste mês de Maio em que comemorámos o centenário com a visita do Papa Francisco. Contamos com o testemunho de D. Carlos Azevedo, bispo-delegado do Conselho Pontifício da Cultura no Vaticano e autor do livro “Fátima: das visões dos pastorinhos à visão cristã”. Falamos sobre alguns aspectos da História de Fátima e também sobre a actualidade da sua mensagem, numa entrevista feita em Roma pela Rádio Vaticano, parceira do nosso programa.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Ousar dar boas notícias’
“A Ascensão é sempre dia das comunicações sociais. Paulo VI tomou a sério decisão do Concílio Vaticano II e instituiu o Dia Mundial das Comunicações Sociais. A partir daí, nunca os papas se calaram e, ano após ano, foi publicada uma Mensagem para este dia.
O papa Francisco dispara, neste 2017, contra a obsessão das más notícias. Se o Evangelho é uma Boa Nova, porquê insistir tanto em notícias deprimentes? Não haverá nada debaixo do sol que se possa narrar pela positiva? O lado bom da vida e dos acontecimentos não merece ser contado? O Papa pede que narremos, sobretudo, aquelas boas notícias que nos provocam e nos incentivam a sair em direção às periferias e margens para retirar os pobres do charco em que vivem mergulhados, quase afogados nos seu problemas e dramas.
A Mensagem do Papa remete-me para um autor consagrado, Dominique Wolton, que acaba de publicar um livro com um título bem a propósito: ‘Comunicar é viver!’. Destaco algumas frases que me marcaram durante a leitura desta obra de referência, porque escrita por um dos maiores sociólogos da comunicação da actualidade:
‘Repelimos os refugiados com uma brutalidade oposta a todos os nossos valores europeus. Os europeus esqueceram tragicamente o que recorda o Papa Francisco: ‘somos todos refugiados’. (…). Ninguém pensaria que teríamos tantos muros’.
‘A mundialização económica faz vencer a lei do mais forte: os ricos são cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres e as classes médias muitas vezes enfraquecidas’.
‘Comunicar é também aprender a coabitar’.
‘Porque não, como eu reclamo há 20 anos, difundir uma boa notícia em cada boletim de informação e através das redes?. A humanidade seria, sem dúvida, mais feliz’.
Nunca devemos desesperar do homem. O desejo de amar, de dar é, muitas vezes, mais forte que todos os egoísmos’.
Em Fátima, o Papa deu ao mundo (a 2000 jornalistas!) diversas boas notícias: ‘Temos Mãe!’; ‘Doentes, não tenhais vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja!’; ‘Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho!’; ‘Quando passamos através dalguma cruz, Cristo já passou antes!’; ‘sejamos no mundo sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor!’.
Como o papa Francisco, ousemos partilhar com todos boas notícias!”