As crianças de Fátima
As crianças de Fátima
Este Luso Fonias é dedicado às crianças. Na quinta-feira assinalou-se o Dia Mundial da Criança, que é o mote desta conversa com Madalena Fontoura, psicóloga que se tem debruçado sobre a vida e a personalidade dos pastorinhos de Fátima. A nossa convidada fala-nos sobre o que podem aprender as crianças do nosso tempo com o exemplo de Jacinta, Francisco e Lúcia.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Lúcia, Jacinta e Francisco, a força das crianças!’
“Viram Nossa Senhora em Fátima e as suas vidas mudaram. Foram portadoras de uma mensagem de paz e de esperança. Eram de desgraça aqueles tempos com a guerra a dizimar o mundo e a pobreza a fazer outro tanto.
Naquela Cova da Iria, as fracas pastagens dos tempos da primavera obrigavam rebanhos e pastores a deambular por montes e vales à procura do alimento para as ovelhas. Assim se asseguraram os leites e as crias, a carne ovina e alguma perspetiva de futuro. É a três destas crianças que Deus decide mandar Maria com um aviso à navegação, que mais não é que um avivar de páginas do Evangelho mais esquecidas: a paz depende do amor com que se vive, das mudanças que se operam nas vidas que fogem do essencial do humano.
E, com coração e cabeça de crianças, os pastorinhos recebem a mensagem e comunicam-na da melhor forma que sabem. As dúvidas dos inícios são mais que compreensíveis, de tão inesperado que é o evento. Mas o que estes miúdos dizem ter visto e escutado não dava para inventar, porque é limitada a capacidade humana de criar nestas idades tão tenras. Por isso, espalha-se a notícia como boa nova. O povo começa a correr para a Cova da Iria e as autoridades locais entram em pânico, uma vez que a mensagem de Fátima se opunha radicalmente aos ideias republicanos anticlericais que, naquele tempo e naquela terra, se tentavam impor a todo o custo.
O nosso povo diz que a verdade é como o azeite na água: vem sempre ao de cima! Estou profundamente convencido que foi por isso que Fátima cresceu tanto e tão depressa a partir do testemunho vivo e feliz dos pastorinhos, estas três crianças que partilharam com o mundo inteiro uma mensagem tão densa, tão intensa, tão urgente.
O Dia Mundial da Criança, celebrado a 1 de Junho, diz-nos que os miúdos são o melhor do mundo: pela simplicidade, pela inocência, pela ternura, pelo sinal de esperança que dão ao mundo, apontando caminhos de futuro. A Lúcia, a Jacinta e o Francisco, há cem anos, deram corpo a esta esperança. A fragilidade que esconde uma criança merece cuidado, dedicação, apoio, protecção, oportunidade. Mensagens que nos cheguem por meio delas, como a de Fátima, exigem de nós coração, acolhimento e cumprimento.
O papa Francisco pediu: ‘Faz-nos seguir o exemplo de Francisco e Jacinta, e de todos os que se entregam à mensagem do Evangelho’.
Faz sentido evocar o refrão que hoje se canta, em Fátima e no mundo, pedindo a intercessão dos novos santos, as crianças de mais tenra idade a chegar aos altares: ’cantemos alegres a uma só voz, Francisco e Jacinta, rogai por nós!’.”