Na Linha da Frente de Apoio aos Refugiados
Apoio aos Refugiados
Este Luso Fonias é dedicado ao apoio aos refugiados. A crise humanitária que se vive no sul da Europa, com a chegada de milhares de refugiados que fogem dos conflitos nos seus países, foi um tema que marcou 2016. Cerca de cinquenta voluntários portugueses já passaram pela Ilha de Lesbos, na Grécia, um dos maiores pontos de entrada de refugiados na Europa. Neste Luso Fonias contamos com o testemunho de Tiago Marques, que esteve na Grécia ao serviço da Plataforma de Apoio aos Refugiados durante dois meses e conta-nos o que viu e sentiu.
Na opinião do P. Tony Neves – ‘Centro Padre Alves Correia (CEPAC)’
“São muitos e muitos os que saem forçados das terras que os viram nascer. Fazem-se ao largo, enfrentam ventos e tempestades (mesmo quando viajam por terra!) e vão parar a uma terra que não conhecem, que tem gente a falar outra língua, que, na maioria das vezes, não abrem os braços para acolher. Sim, estes são os imigrantes que temos entre nós e que, muitas vezes, queremos recambiar para as suas terras de origem como se esta terra fosse exclusivamente nossa!
Quando os dramas se amontoam e as pessoas vão de mal a pior, elas jogam a lógica do ‘perdido por um perdido por mil’ e arriscam tudo. Aceitam entrar na clandestinidade, vão fugindo á polícia e a controlos, vivem indocumentados. Aí tornam-se presa fácil de empresários sem escrúpulos que os ‘contratam’ para trabalhar, mas se esquecem de pagar no fim. Alguns atingem o limite do cinismo e da maldade quando ameaçam estes imigrantes de denúncia à polícia só para não lhes pagar o preço do seu trabalho precário! Isto é bárbaro demais para ser verdade, mas acontece todos os dias.
Ora, conscientes dos dramas desta gente excluída e marginalizada, os Espiritanos portugueses deitaram mãos á obra e fundaram o Centro Padre Alves Correia (CEPAC), honrando um dos maiores Missionários Espiritanos da história de Portugal que pagou o seu amor á democracia e aos pobres com um exílio nos EUA, onde morreu e foi sepultado.
O CEPAC acolhe todos os dias dezenas e dezenas de imigrantes, provenientes de toda a lusofonia, mas também de países tão inesperados como o Nepal. Tem diversas valências a funcionar, desde o apoio jurídico (sobretudo por causa da documentação) ao médico (os indocumentados não têm acesso ao Serviço Nacional de Saúde), passando pelas aulas de português, a busca de emprego ou o banco de roupa e alimentos. Também têm apoio psicológico.
Os apoios para projectos deste âmbito são hoje em Portugal quase nulos. É a Congregação do Espírito Santo quem assegura quase tudo, embora o orçamento do CEPAC seja muito alto e limitados os meios dos Espiritanos. Por isso, uma das Campanhas oficiais do Jubileu dos 150 anos da chegada dos Espiritanos a Portugal é a favor desta Instituição solidária. Também decidi atribuir ao CEPAC as receitas do meu livro ‘Lusofonias com Missão’ que recolhe estes comentários no LusoFonias. Todos os apoios nunca serão demais.
Vem aí o Natal e, com ele, o tocar no coração por causa dos pequeninos e pobres deste mundo. Há muito bem a acontecer por esse mundo além. Mas também continuam a bater à nossa porta milhares e milhares de pessoas que fogem de guerras e perseguições, querendo pôr cobro a experiências de tragédia que deixam marcas para sempre. Só a hospitalidade e o apoio de quem pode, ajudará a dar sentido e futuro a milhares de vidas. Os pobres e perseguidos perguntam onde está a nossa humanidade e nós só lhes podemos
responder de braços abertos. O CEPAC está a dar a sua resposta social e conta com o apoio de quantos sentirem que a solidariedade para com os imigrantes faz sentido, faz falta e enche o coração de fraternidade sem fronteiras.”


