VI(R)AGENS
Caminhos de conversão ecológica
“A estrutura política e institucional não existe apenas para evitar malversações, mas para incentivar as boas práticas, estimular a criatividade que busca novos caminhos, facilitar as iniciativas pessoais e coletivas.” (LS 177)
propósito
A resiliência às alterações climáticas constitui a face visível da crise multifacetada que atravessamos. Uma crise que afeta todas as regiões do planeta sem exceção, com fortes impactos nos países mais vulneráveis, que são, ao mesmo tempo, os que menos contribuem para esta realidade. Cresce a consciência da interligação entre alterações climáticas, pobreza e vulnerabilidade, desertificação e migrações, o que se tem traduzido num esforço exigente, mas urgente de concertação de políticas. No entanto, o nosso planeta e o nosso futuro requerem ações mais decisivas e incisivas da parte de todos os atores: decisores e cidadãos. As alterações climáticas questionam cada vez mais o modelo vigente de crescimento económico a todo o custo e os paradigmas do desenvolvimento atuais. Questionam também os nossos estilos de vida e a noção de justiça climática entre países.

Assinalamos a entrada na década do clima, 2020-2030, na qual, segundo o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), tudo deve ser feito para evitar a subida da temperatura média acima de 1,5°C, de modo a evitar efeitos duradouros e irreversíveis, como a perda de ecossistemas, biodiversidade e fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes. Como antecipação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris, na Encíclica Laudato Si (2015), sobre o Cuidado da Casa Comum, o Papa Francisco apresenta de forma clara o desafio que temos em mãos e para o qual pretendemos contribuir com este trabalho. Importa insistir que as consequências danosas dos estilos de vida, produção e consumo afetam a todos, mas importa ainda mais procurar que as soluções sejam propostas a partir duma perspetiva global e não apenas para defesa dos interesses de alguns. A interdependência obriga-nos a pensar num único mundo, num projeto comum. Para isso, é necessário aprofundar a consciência da nossa interdependência e da necessidade de intervenções integradas, interdisciplinares, intersetoriais, multiatores (sociedade civil, decisores políticos, academia, setor privado) e multinível (pessoal, local, regional, nacional).
