Artesãos unem-se numa “Peça Única” na Guiné-Bissau

3 Ago, 2018

A partir de julho, em Bissau, encontra-se aberto ao público de segunda a sexta, das 15h00 às 18h00, o Atelier “Peça Única”. O novo espaço de promoção do artesanato da Guiné-Bissau, apoiado pela União Europeia, pela Misereor e pela Cooperação Portuguesa.

Inaugurado a 27 de junho, o Atelier “Peça Única” surge como um espaço de formação técnica, de gestão de negócio e de acesso a equipamentos e ferramentas para a criação, pretendendo oferecer peças únicas que potenciem e promovam a cultura guineense. De braços dados com a tradição, a inovação e a interculturalidade, aí serão desenvolvidos e expostos para venda materiais lúdico-pedagógicos que respeitem e espelhem a cultura da Guiné-Bissau, peças de design (também por encomenda), bem como serão prestados serviços de restauro.

A FEC e a ENGIM promovem o Atelier “Peça Única” no âmbito do projeto “Cultura i nô Balur: Uma Estratégia de Educação para a Cultura na Guiné-Bissau”, financiado pela União Europeia, pela Misereor e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. Neste momento, encontram-se associados a este espaço os grupos de artesãos Tony Claire, Sindjidura D’Arte, Alfaitaria Comunitária de Antula, Coope Bontche e Ferra Artesanato.

Porque cada peça é única

Para Maria Coutinho, responsável pela formação de artesãos no que respeita à aquisição de competências de design, gestão e produção de materiais/artesanato, a abertura deste espaço cruza-se com as pessoas que aí se têm vindo a reunir e a assumir um compromisso. “Daqui para a frente é começarmos cada vez mais a mostrarmos os trabalhos que se desenvolvem, a desenvolver mais produtos, a trabalhar mais a comunicação…”, avança. Algo que para Zaida Correia Lopes Pereira, reitora da Universidade Católica da Guiné-Bissau, pode conciliar-se com os conhecimentos produzidos no âmbito da pós-graduação em Educação Intercultural e Formação Contínua em Cultura e Tradição da Guiné-Bissau, promovidas no âmbito do projeto Cultura i nô balur. Para Solange Tchuda, artesã da Sindjitura D’Arte, trata-se de um “projeto inovador que está a juntar artesãos que não se conheciam antes e que agora têm a oportunidade de trabalhar num mesmo espaço”. Aí “temos materiais disponíveis” e “podemos realizar as nossas tarefas diárias”, concretiza. Já para Tony Cardoso, artesão da Tony Claire, a “emoção é grande”. “De vez em quando pegava numa folha para fazer uns desenhos mas não valorizava o meu trabalho”, mas, “depois de conhecer este espaço, a minha vida mudou”, confidencia-nos, esperando que esta venha a ser “uma longa caminhada”.

Na perspetiva de Sofia Alves, representante da FEC na Guiné-Bissau, “a abertura deste atelier marca um ponto de realização no que toca à intervenção da FEC a nível de estrutura na Guiné-Bissau” naquele que considera “um espaço de crescimento que estamos a dar neste campo da economia criativa”. Um fazer “mais e melhor” no campo do artesanato, “potenciando economicamente”, por um lado, o trabalho dos artesãos e, por outro, “dando visibilidade à Cultura da Guiné-Bissau.” Falamos de uma “peça única” a ser preservada, na sua diversidade, como sublinha por seu turno Duccio Ferraro. Para o representante da ENGIM na Guiné-Bissau – parceira do Cultura i nô balur, no campo da formação em empreendedorismo e plano de negócios para os artesãos – “a cultura guineense é efetivamente uma peça única no panorama internacional” e “o mainstreaming nacional não tem meios, por si só, para a suster”, pondera, sublinhando, por isso, a importância da sua valorização e divulgação.

O Atelier “Peça Única” fica agora a aguardar por visitas e muita partilha.

Atelier “Peça Única”
Rua Severino Gomes de Pina (conhecida Rua 10), anexo ao Escritório Regional da FEC de SAB/Biombo, Bissau
00245 965 324 079

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