Menina também estuda: Reduzir as barreiras no acesso das raparigas à escola

15 Jan, 2025Angola, homepage, Projeto Maria Meninas

Está em finalização o diagnóstico dos desafios que se colocam à escolarização das raparigas na província do Namibe, no sul de Angola. O levantamento foi feito a partir de entrevistas, inquéritos e acompanhamento do dia a dia de um grupo de jovens, em três localidades distintas daquela região. Os resultados servirão para dinamizar momentos de reflexão com diferentes atores locais, refere Alfredo Paulino, Gestor do Projeto no país. O objetivo é promover uma maior escolarização feminina.

A vida de uma rapariga do Namibe passa por combinar o estudo com outras tarefas, domésticas ou profissionais. Quando o tempo não chega, a escola fica para trás. E o cansaço não deixa tempo para um estudo dedicado. Mas se esta é a tendência geral, cada contexto de análise tem as suas especificidades.

Em Moçamedes, zona urbana banhada pelo oceano Atlântico, a insegurança é um problema grave, com impacto forte na comunidade escolar, sobretudo na população feminina e em quem tem de aceder à escola depois do entardecer ou em locais isolados. Para além disso, algumas jovens têm de combinar as atividades escolares com as responsabilidades da maternidade.

Às portas da cidade, na zona rural do Giraúl de Cima, o Sekulo da comunidade, de nome Uelifila, revela que serão cerca de 400 as crianças que não acedem à escola, porque o edifício local está degradado e escasseiam os transportes para a escola mais próxima. Para os que fazem o duro caminho para se sentarem nas carteiras escolares, os livros são inexistentes.

Já na aldeia do Virei, zona rural isolada no coração da província, o absentismo escolar feminino é significativo, encontrando-se ligado, muitas vezes, a práticas culturais que visam limitar o contacto social das raparigas, fora dos respetivos grupos de pertença.

Na sequência dos resultados preliminares do diagnóstico, estão a ser organizados grupos de reflexão com comunidades, líderes tradicionais e da administração regional, organizações da sociedade civil, professores e famílias, para colocar a proteção das jovens em primeiro plano.

O projeto replica estas ações na Província de Nampula, em Moçambique. É fundamental utilizar o conhecimento disponível para, em conjunto com os diferentes atores sociais, acionarem-se medidas para promover uma mudança duradoura e sustentável. O direito de as raparigas estudarem e viverem em pleno a sua infância e juventude pertence-lhes.

O projeto Marias Meninas é implementado pela @helpoongd, em parceria com a FEC, com o Centro de Estudos Internacionais do ISCTE e com o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil, e é financiado pelo @camoesip.

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