Educar para a Igualdade: Diagnóstico revela barreiras de género na educação em Angola e Moçambique

21 Nov, 2025Angola, homepage, Projeto Maria Meninas

Um diagnóstico recentemente realizado em Angola (Província do Namibe) pela FEC e em Moçambique (Província de Nampula) pela Helpo revela os principais desafios que continuam a limitar o acesso e o sucesso escolar, em especial das raparigas. As conclusões e recomendações resultantes deste processo participativo serão apresentadas na Conferência Nacional “Educar para a Igualdade: um Futuro sem Barreiras de Género”, que terá lugar em Luanda, no dia 27 de novembro de 2025, no Centro Português de Cooperação da Embaixada de Portugal em Angola.

O estudo está inserido no âmbito do projeto Marias Meninas e identificou diversas barreiras à equidade e igualdade de género na educação, com base em inquéritos realizados junto de raparigas, rapazes, encarregados de educação, professores, diretores de escolas e líderes comunitários e religiosos. As recomendações apresentadas foram construídas pelos grupos de reflexão locais das duas províncias, com a FEC e a Helpo a atuarem apenas como facilitadoras do processo.

Entre as principais barreiras identificadas, destacam-se:

  • Insegurança no espaço escolar, com propostas de construção de muros, presença de guardas e policiamento junto às escolas;
  • Longas distâncias entre casa e escola, que motivam a recomendação de criação de escolas mais próximas das comunidades e de lares ou internatos para estudantes;
  • Famílias que priorizam tarefas domésticas e agrícolas em detrimento da escola, com a proposta de alfabetização de adultos para reforçar o valor da educação;
  • Barreira linguística entre professores e alunos, sobretudo em zonas rurais, com a recomendação de formação contínua de docentes nas línguas nacionais e prioridade de colocação para quem as domina;

Sílvia Santos, representante da FEC em Angola afirma que “Ao ouvirmos as raparigas e as comunidades, ficou evidente que são também elas as protagonistas da própria mudança”. Acrescenta ainda que “Este diagnóstico mostra que, com escuta e colaboração directa, podemos apoiar a transformação de realidades e abrir caminho para um futuro sem barreiras de género”.

A conferência reunirá representantes de ministérios, agências das Nações Unidas, parceiros internacionais, organizações da sociedade civil e instituições de ensino, promovendo um espaço de diálogo para pensar estratégias conjuntas que contribuam para eliminar as barreiras de género na educação.

Todos estão convidados a marcar presença e a participar nesta conversa.

 

Sobre o projeto Marias Meninas

Em Moçambique e Angola, o abandono escolar é particularmente elevado entre as raparigas, sobretudo na transição para o ensino secundário, devido a formas de discriminação enraizadas. O projeto Marias Meninas, implementado pela Helpo e pela FEC, em parceria com o ISCTE e o CESC e cofinanciado pelo Camões, I.P., identifica os desafios à igualdade de género na educação a partir de uma perspetiva interseccional. Ao longo de 24 meses, realizou um diagnóstico alargado e produziu recomendações que apoiam práticas e políticas públicas mais adaptadas às realidades locais, dando voz às raparigas e às comunidades na construção de soluções.

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