Seminário Internacional de Educação: PALOP e Portugal reunidos pela primeira vez na Guiné-Bissau para partilha de experiências

11 Abr, 2018

Seminário Internacional de Educação

Nos dias 21 e 22 de março, no Hotel Coimbra, em Bissau, realizou-se pela primeira vez o Seminário Internacional de Educação “Educação em países lusófonos: realidades e diversidades”, para uma partilha de visões e experiências nas áreas da Educação de Infância, Aprendizagem e Ensino da Língua Portuguesa, Sistema de Informação, Recolha e Divulgação dos Dados do Sistema Educativo e Formação Profissional. Na abertura do evento, a representante da FEC na Guiné-Bissau, Sofia Alves, em representação de Jorge Líbano Monteiro, presidente do Conselho de Administração da FEC, salientou que esta iniciativa foi fruto de “uma intensa e verdadeira parceria e cooperação estabelecida entre o Ministério da Educação da Guiné-Bissau, a Cooperação Portuguesa e a FEC”, que contou com o financiamento da Cooperação Portuguesa e da União Europeia, apoio institucional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e patrocínio do Hotel Coimbra.

Num evento muito participado, 14 oradores provenientes de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de Portugal e de São Tomé e Príncipe, membros das diferentes Direções do Ministério da Educação e do Ensino Superior da Guiné-Bissau, parceiros de Educação, representantes de instituições de ensino, agentes educativos, estudantes e outros membros da sociedade civil contribuíram com grande entusiasmo para a riqueza dos temas apresentados. Uma oportunidade de “melhor compreender como as crianças aprendem” no confronto entre diferentes culturas e garantir os “melhores resultados para o seu desenvolvimento”, afirma Ansumane Camará, secretário-geral da Educação da Guiné-Bissau, em representação do ministro da Educação, Sandji Fati. Um Seminário que, segundo Sofia Alves, “não vem impor qualquer ideia ou método de atuação” mas sim trazer “novos dados, novos olhares” para cada um poder sair “mais inspirado” e aplicar aquilo que acredita “ser o melhor para a sua realidade”.

Lutrigo Carlos Cubumc, aluno do 4º ano da licenciatura de Língua Portuguesa na Escola Normal Superior Tchico-Té, persistiu neste encontro e garante-nos que descobriu que a primeira coisa com que nos temos de preocupar é em “termos dados para saber como atuar na Educação”, confessando-se surpreendido com a potencialidade do Ensino Técnico-Profissional, em áreas como “a mecânica, a carpintaria ou a serralheria”. Alessandra, especialista no ensino da Matemática, chega do Brasil como missionária para trabalhar em escolas públicas guineenses e avança que “há dificuldade em implementar o currículo de Educação de Infância no Brasil”. As experiências de identificação de jardins-de-infância ou da formação dos agentes de Educação de Infância na Guiné-Bissau mostram entretanto como se pode organizar e melhorar “o ensino-aprendizagem dentro da sala de aula”, acrescenta.

Abertura e criatividade para avançar

Alexandra Pereira, gestora do Programa de Educação da FEC, sublinhou a grande participação de todos neste Seminário, anunciando o desejo de realização de uma próxima edição que reúna os PALOP, Portugal, Brasil e Timor-Leste. Já Chiara Guidetti, encarregada de programas na Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau, falou da importância de se terem reunido os parceiros de Educação em torno de temas centrais, merecedores de uma crescente atenção. Temas que Fábio Sousa, adido para a Cooperação junto da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, explicitou na forma como ficou clara a suma importância de uma aposta na Educação de Infância, nomeadamente no que respeita às línguas de aprendizagem, uma vez que “as línguas maternas não estão em competição”. Estas podem “fortalecer-se reciprocamente” e contribuir, de forma criativa, “para diferenciar a Guiné-Bissau na sua aspiração a um mundo de produção global”, com proficiência da Língua Portuguesa enquanto “língua de comunicação global”. Fábio Sousa destacou ainda das conclusões do Seminário a importância central de um sistema funcional de informação estatística de Educação para “melhorar continuamente a Educação” e de uma aposta no Ensino Técnico-Profissional que possa torná-lo um “motor de desenvolvimento para a Guiné-Bissau”. Ansumane Camará, secretário-geral da Educação da Guiné-Bissau, louvou todos os intervenientes pela “qualidade dos trabalhos apresentados”.

O painel da manhã de dia 21 de março – Educação de Infância: culturas de valorização e desenvolvimento da criança – contou com Paula Pequito, docente da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Fátima Barbosa, diretora-geral do Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação e do Ensino Superior da Guiné-Bissau e Páscoa Sumbana Ferrão, diretora-adjunta da Criança no Ministério do Género, Criança e Acção Social de Moçambique. Já o painel da tarde – Uma Língua, várias realidades: aprendizagem e ensino da Língua Portuguesa – contou com as apresentações de Madalena Arroja, diretora de Serviços da Divisão da Língua e Cultura no Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Zaida Maria Correia Lopes Pereira, membro do CESAC- Centro de Estudos Sociais-Amílcar Cabral bem como de Luigi Scantamburlo, missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores e de Ana Josefa Cardoso, doutoranda no Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, que deram a conhecer projetos de ensino bilingue, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, respetivamente.

No painel da manhã de dia 22 – Importância do Sistema de Informação, Recolha e Divulgação de Dados para a qualidade do Sistema Educativo – intervieram Nuno Rodrigues, diretor de Serviços de Estatísticas da Educação da Direção-Geral de Estatísticas do Ministério da Educação e Ciência de Portugal, o diretor de Serviços de Inspeção Pedagógica, Augusto Barros, em representação de Arcângela Graça, inspetora-geral da Educação do Ministério da Educação e do Ensino Superior da Guiné-Bissau, Mamadu Jassi, diretor-geral do Gabinete dos Estudos, Planeamento e Avaliação do Sistema Educativo do Ministério da Educação e Ensino Superior da Guiné-Bissau e Victória Rita, técnica de Estatística da Educação no Ministério da Educação, Cultura, Ciência e Comunicação de São Tomé e Príncipe. No 4º e último painel – A Formação Profissional: percursos e desafios – foi a vez das apresentações da consultora Ana Cristina Paulo, do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas de Portugal, Alanam Francisco Pereira, diretora-geral de Ensino do Ministério da Educação e Ensino Superior da Guiné-Bissau e José António Té, diretor do Instituto Nacional de Formação Técnica e Profissional da Guiné-Bissau.

Na finalização destes dois dias de partilha, muita energia para prosseguir caminho ao som da percussão do grupo Wilson Djembé. Sentindo um pulsar comum e recebendo inspiração dos diferentes companheiros de viagem, mas ao jeito e ritmo de cada um.

Pode assistir a todo o Seminário aqui.

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