Lançamento do projeto “Nô na cuida de nô vida, mindjer” na Guiné-Bissau

16 Abr, 2018

O projeto “Nô na cuida de nô vida, mindjer – Empoderamento e direitos para meninas e mulheres na Guiné Bissau” foi apresentado aos parceiros e à sociedade civil, nos dias 7 de março e 4 de abril, em Bissau e em Buba (região de Quinara), respetivamente. Um projeto de 36 meses desenvolvido pela Mani Tese, em parceria com a ENGIM, FEC – Fundação Fé e Cooperação, Gabinete Estudos Informação e Orientação Jurídica (GEIOJ) e Rede Ajuda (RA), com co-financiamento da União Europeia na Guiné-Bissau, que prevê atividades para prevenir a violência de género através de um trabalho sistémico de sensibilização, promover a autonomia socioeconómica das mulheres e melhorar o acesso à denúncia, à resposta de acolhimento e à reinserção das vítimas de violência de género nas regiões de Quinara, Tombali, Bafatá, Gabú e SAB (Setor Autónomo de Bissau).

No lançamento do projeto na Casa dos Direitos, em Bissau, Nhima Sissé, presidente do Instituto da Mulher e da Criança (IMC), declarou que este projeto enquadra-se “no âmbito das políticas públicas em matéria de combate às desigualdades e iniquidades sociais na Guiné-Bissau, como condição fundamental para a edificação de uma sociedade mais justa, equilibrada e livre de violência”. Nhima Sissé confia que este projeto venha a ser implementado com “o maior rigor, eficácia e eficiência possível” em prol das mulheres e meninas, em estreita parceria com todos os atores, em particular o governo”, expressando a sua total disponibilidade para colaborar. Piero Meda, representante da Mani Tese na Guiné-Bissau, revela-se satisfeito e confiante no “trabalho conjunto” perante “os desafios” a enfrentar no alcance dos resultados propostos.

Para Sofia Alves, representante da FEC na Guiné-Bissau, este é um projeto ambicioso, assente em três importantes pilares: “proteção das vítimas”, mas também “prevenção através da educação parental e intervenção na comunidade” bem como “oportunidades económicas e formação profissional junto das mulheres”. Duccio Ferraro, representante da ENGIM na Guiné-Bissau – parceira na formação profissional e empreendedorismo – sublinha justamente a importância destas oportunidades para para a “autonomia económica e social” das meninas e raparigas na Guiné-Bissau. Um projeto-piloto que, segundo Cesaltina Bastos, chefe de secção da União Europeia – naquela que é a primeira intervenção da UE na Guiné-Bissau no que respeita ao casamento precoce e forçado -, lança uma “semente para germinar, criar raízes e expandir-se” por uma vivência “livre de qualquer violência” para todas as mulheres.

Em Quinara prevêem-se atividades de sensibilização por parte dos parceiros FEC e RA e a criação dum centro de assistência às vítimas de violência com a colaboração de Mani Tese, da Polícia Judiciária (PJ) e da equipa jurídica do Centro de Acesso à Justiça (CAJ). Durante a apresentação pública do projeto, as intervenções do governador da região, dos representantes das comunidades, do representante do CAJ e dos representantes das ONG envolvidas encorajaram um intenso debate no público, composto por guias religiosos e representantes locais e das várias associações e ONG territoriais. Surgiram muitas pistas de reflexão úteis para melhorar as futuras intervenções do projeto, com a comparação de ideias diferentes sobre temas como os papéis de género na vida quotidiana, no trabalho e na educação familiar. Outros participantes partilharam as suas preocupações sobre os resultados concretos que este projeto poderá ter, tendo em conta os efeitos de anteriores projetos relativos aos direitos das mulheres ao longo dos anos. Outros ainda mostraram-se conscientes dos prazos necessários para produzir mudanças significativas nas mentalidades bem como nas práticas, sublinhando a importância do envolvimento de todos os membros das comunidades e das famílias nas atividades e no esforço conjunto de forma a gerar mudanças positivas a longo prazo.

Para mais informações, visite a página do projeto aqui.

Texto: Mani Tese com FEC

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